Terni ...coti...cotim...terni...coti...cotão... vem aà o Saltitão !!! Lembra-se disto ?
Hummm... Se for da minha idade ou mais tudo bem, caso contrário, isto não lhe diz absolutamente nada. Como ? Desculpe ? Ah! Qual é a minha idade ?
Bom ... ahaaaaa.... Segmento "Cota"!
 Transformado em mercado automóvel, estou agora no segmento médio baixo. Quer ver ... ?
     Com muita energia e muito pouco dinheiro
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     Com muito menos energia e mais algum dinheiro
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     Com um restinho de energia e em risco de perder todo o dinheiro (desemprego/pré-reforma)
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     Quase sem energia, "teso" / reformado / falido ou cheio de dinheiro que vai ser aplicado basicamente   nos medicamentos para a falta de sono, ansiedade, próstata, etc... O chamado segmento "Condor" - com dor nos joelhos, com dor na coluna, etc...
O homem é muito parecido com o computador. Arranca na vida com muita velocidade e o disco rÃgido quase sem informação - mal se faz um "double click" no Ãcon do programa ou ficheiro que se quer abrir e a reacção é alucinante e espontânea. No fim da vida, acaba com o disco rÃgido a abarrotar de informação, mas a velocidade é miserável. "Double-Click" no Ãcon que se quer abrir e ...nada! "Triple - Click" e nada! A ampulheta sempre em modo de espera.
Desespero, murros na secretária, e nada !
Passado algum tempo, lê-se no monitor - "File Not Found" ou "Time Out Error"!
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Bom! Lá estou eu a perder-me outra vez ...
Então já se lembra quem é o Saltitão ?
Está a ver uma sereia ... metade mulher, metade peixe. Pois o Saltitão era um rapaz que da cintura para baixo tinha uma mola - dessas molas em aço, helicoidais. Metade homem, metade mola.
Uma espécie de sereia, mas na versão automóvel. Sereia, é como quem diz, ... vamos lá por partes, é que o Saltitão era muito macho, com os seus bigodes retorcidos e republicanos, tipo Mr. Poirot.
O senhor Saltitão era um boneco, personagem de uma série infantil denominada Carrossel Mágico.
Terni ...coti...cotim...terni...coti...cotão... vem aà o Saltitão !!!
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E quando aparecia o Saltitão, só se ouvia ... põeeii...põeeii...põeeii... e lá vinha ele aos pulos. Bom! Então já percebeu porque é que a suspensão de um automóvel não pode ter apenas molas ... Senão seria ... põeeii...põeeii...põeeii... a saltitar até chegar ao destino.
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Como sabe, porque quase de certeza que já viu, a suspensão da maioria dos veÃculos é constituÃda por uma mola e um amortecedor. A mola absorve a energia do impacto das rodas no solo, libertando-a em seguida para repor a carroçaria paralela ao chão. Para que o resultado disto não seja um andamento do tipo põeeii...põeeii...põeeii..., tem de existir um outro órgão que amorteça estas oscilações.
Esse papel cabe ao amortecedor.
O amortecedor é, basicamente, um "macaco" hidráulico - como se diz na gÃria técnica. Este macaco, em vez de comer bananas, alimenta-se de óleo. Funciona pelo mesmo princÃpio do cilindro/pistão, como o caso da seringa e do motor de automóvel que vimos anteriormente.
Existe um cilindro (corpo do amortecedor) e, lá dentro, trabalha um pistão. O pistão está ligado a uma haste. Todo o corpo interior está banhado a óleo (ou gás) e o pistão tem uns furinhos.
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Qual o objectivo ?
De cada vez que a carroçaria oscila pelo efeito da absorção e libertação de energia da mola, a haste do amortecedor que está ligada às rodas, empurra o pistão para cima. Como o pistão tem uns furinhos, em vez de comprimir tudo o que está acima da sua cabeça (como acontecia no caso da seringa), vai subindo muito devagar e progressivamente. O pistão só consegue avançar, à medida que o óleo que está acima da sua cabeça consegue passar pelos furinhos para a parte inferior do amortecedor.
É este efeito que dá a progressividade e conforto proporcionada pelo amortecedor ao veÃculo. Como o próprio nome indica, amortece os movimentos oscilatórios do veÃculo.
Isto dá para perceber porque é que os técnicos e os organismos ligados à prevenção rodoviária, não se cansam de alertar as pessoas para verificar o estado dos amortecedores. É que um amortecedor cansado ou gasto, deixa a suspensão depender apenas da mola. A mola, ao fazer põeeii... põeeii... põeeii..., retarda as distâncias de travagem, regride a capacidade do veÃculo curvar, enfim, põe em causa toda a segurança dinâmica - a denominada Segurança Activa.
 Bom! Mas uma boa suspensão depende apenas das molas e dos amortecedores ? Claro que não !!!
Existem ainda os braços que ligam estes órgãos às rodas - os braços da suspensão.
Os braços da suspensão e o formato da sua geometria são calculados e desenhados de acordo com o tipo de utilização que o veÃculo vai ter. Se o veÃculo serve para carregar/trabalhar (veÃculos comerciais ligeiros e pesados), a geometria privilegia a sustentação das cargas pesadas a transportar.
Se for um veÃculo ligeiro de passageiros, privilegia-se a flexibilidade do conjunto (conforto/ capacidade para curvar) de modo a oferecer o maior nÃvel possÃvel de prazer de condução.
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Temos, por fim, o Camber ou Sopé
O ângulo de sopé ou camber reduz o esforço dos componentes da direcção e da suspensão. Minimiza as oscilações provocadas pela estrada e auxilia a estabilidade, no sentido da marcha.
Este é o ângulo que a roda faz com a superfÃcie de rolamento quando não está a virar.
Se a roda está inclinada para fora no seu topo, o ângulo diz-se de positivo. Com esta afinação consegue-se uma menor influência da força das rodas na direcção e uma força de orientação lateral que induz o veÃculo a fazer subviragem.
Se a roda está inclinada para dentro no seu topo, o ângulo diz-se de negativo. Consegue-se deste modo um centro de gravidade mais baixo e uma tendência do carro em apoio para fazer sobreviragem.
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Nos próximos artigos técnicos vamos analisar em pormenor os diferentes elementos e tipos de suspensão.